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Qualidade de vida em idosos relacionados à Terapia Assistida por Animais

Atualizado em 16/03/2020
O estudo objetivou avaliar os efeitos da Terapia Assistida por Animais (TAA) na qualidade de vida em idosos. A partir de critérios de inclusão/exclusão, foram analisados dois artigos. Os estudos apontam que a TAA apresenta benefícios na qualidade de vida dos idosos. Conclui-se que a TAA afeta favoravelmente a qualidade de vida dos idosos.
Este texto é fruto da disciplina de Pós-Graduação “Produção e Inovação Científica” ministrada como último módulo para a formação dos alunos da Laboro. Nela, os alunos aprendem como aplicar conceitos e ferramentas de forma assertiva e criativa para fomentar a inovação na ciência.
Autora: Louise Soares aluna da Pós- Graduação em Enfermagem e Saúde na Família e Comunidade
Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Parente
A Terapia Assistida por Animais – TAA fundamenta-se em ações desenvolvidas com a colaboração de algum animal em um processo terapêutico. Dessa forma tem como objetivo a promoção da saúde física e mental, assim como no estímulo às funções cognitivas do paciente.
Na Terapia Assistida por Animais, a pessoa se beneficia do vínculo terapêutico da relação humano-animal, que pode ser aplicada em grupos ou individualmente, (DOMÈNEC e RISTOL, 2012). Várias espécies e tipos de animais podem ser inseridos na TAA e, em sua maioria, a escolha é feita por animais domesticáveis. Em alguns estudos científicos disponíveis, os efeitos da terapia com os animais são aplicados com: cavalos, tartarugas, pássaros, pets, entre outros.
O primeiro artigo científico publicado sobre TAA com uso dos pets é de Levinson (1962), considerado o pai dessa prática. Nesse trabalho, o autor relata um
atendimento psicológico com a ajuda de um cão e seus resultados benéficos, como melhor vinculação e adesão ao tratamento, para o processo terapêutico.
A TAA com auxílio dos animais revela a necessidade de se desenvolver estratégias terapêuticas não medicamentosas que auxiliam profissionais da área da saúde com outras possibilidades terapêuticas (JOHNSON et al., 2003; URBANSKI e LAZENBY, 2012).
O uso dessa terapia aumenta consideravelmente a interação entre pares, estimula aspectos cognitivos, como memória, linguagem, atenção e melhora a qualidade de vida. Dessa forma, a TAA pode ser utilizada para desenvolver a qualidade de vida dos idosos (NORDGREN e ENGSTROM, 2014).
Considerando as particularidades e vulnerabilidades do processo de envelhecimento, é fundamental desenvolver novas estratégias de tratamento que não utilizem psicofármacos, uma vez que a população idosa já faz uso de polifarmácia (PAULA JUNIOR et al., 2014).
A TAA tem como objetivo o treino de habilidades cognitivas, físicas e psicossociais, envolvendo atividades como caminhar, ensinar, alimentar, acariciar e falar com o animal. O estudo dos mesmos autores (NORDGREN e ENGSTROM, 2012), publicado dois anos antes, englobou oito sessões, com periodicidade semanal e duração de 60 minutos cada sessão. A equipe era composta por enfermeira e treinador. Nesse estudo, a TAA tinha como foco caminhar e acariciar o cão.
Quanto aos efeitos da TAA, verificou-se que a TAA teve um efeito favorável sobre o aumento no funcionamento social e também houve redução das somatizações, sintomas depressivos, sintomas obsessivo-compulsivos e sintomas de ansiedade fóbica. Sellers (2006) observou aumento na interação social e diminuição de comportamentos agitados. Moretti et al. (2011) encontraram diminuição dos sintomas depressivos e aumento do desempenho cognitivo. Nordgren e Engstrom (2012) observaram aumento da independência nas atividades de vida diária, da orientação espacial e no desempenho cognitivo. Vrbanac et al. (2013) identificaram, como efeito da TAA, diminuição na percepção de solidão dos idosos. Nordgren e Engstrom (2014) constataram ainda a redução do estresse e o aumento do bem-estar desse público.
De maneira geral, em todos os estudos, os pesquisadores encontraram que a TAA com o uso de pets produziu efeitos positivos na qualidade de vida dos participantes. Observou-se que os índices de oxitocina aumentaram tantos nos animais, quanto nos seres humanos. O estudo detectou uma queda da pressão arterial e do nível de cortisol e simultaneamente houve um aumento nos níveis de endorfinas e dopaminas em ambos os grupos (NORDGREN e ENGSTROM, 2014).
Como essa área ainda está em construção, apresenta-se a necessidade de investigar a eficácia dessa técnica em outras fases do ciclo vital e também para outros objetivos terapêuticos (pessoas com algum grau de deficiência), além da qualidade de vida.
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REFERÊNCIAS
DOMÈNEC, E.; RISTOL, F. 2012. Animal Assisted Therapy: Techniques and exercises for dog assisted interventions. Miami, SMILES CTAC, 392 p
LEVINSON, B.M. 1962. The dog as a “co-therapist”. Mental Hygiene, 46:59-65.
JOHNSON, R.A.; MEADOWS, R.L.; HAUBNER, J.S.; SEVEDGE, K. 2003. Human-Animal Interaction A Complementary/Alternative Medical (CAM) Intervention for Cancer Patients. American Behavioral Scientist, 47(1):55-69. https://doi.org/10.1177/0002764203255213
NORDGREN, L.; ENGSTRÖM, G. 2012. Effects of animal-assisted therapy on behavioral and/or psychological symptoms in dementia: A case report. American journal of Alzheimer’s disease and other dementias. 27(8):625-632. https://doi.org/10.1177/1533317512464117
NORDGREN, L.; E ENGSTRÖM, G. 2014. Animal-assisted intervention in dementia: Effects on quality of life. Clinical nursing research. 23(1):7- 19. https://doi.org/10.1177/1054773813492546
SELLERS, D.M. 2006. The Evaluation of an Animal Assisted Therapy Intervention for Elders with Dementia in Long-Term Care. Activities, adaptation e aging, 30(1):61-77. https://doi.org/10.1300/J016v30n01_04
MORETTI, F.; DE RONCHI, D.; BERNABEI, V.; MARCHETTI, L.; FERRARI, B.; FORLANI, C.; NEGRETTI F.; SACCHETTI, L.; ATTI, A.R. 2011. Pet therapy in elderly patients with mental illness. Psychogeriatrics, 11(2):125-129. https://doi.org/10.1111/j.1479-8301.2010.00329.x
VRBANAC, Z.; ZEČEVIĆ, I.; LJUBIĆ, M.; BELIĆ, M.; STANIN, D.; BRKLJAČA BOTTEGARO, N.; ŽUBČIĆ, D. 2013. Animal assisted therapy and perception of loneliness in geriatric nursing home residents. Collegium antropologicum, 37(3):973-976.
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Atualizado em 16/03/2020