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Humanização da Assistência em UTI Neonatal
- 23/03/2020
- Publicado por: brunaalmeid4
- Categoria: Brasília Gestão Hospitalar Produção e Inovação Científica Saúde

Atualizado em 23/03/2020
A humanização da assistência em uma UTI Neonatal tanto ao recém-nascido quanto para a família e os profissionais de saúde, durante todo o processo de hospitalização, buscando minimizar toda dor, estresse, sofrimento e desgaste relacionado à internação, é de vital importância
Este texto é fruto da disciplina de Pós-Graduação “Produção e Inovação Científica” ministrada como último módulo para a formação dos alunos da Laboro. Nela, os alunos aprendem como aplicar conceitos e ferramentas de forma assertiva e criativa para fomentar a inovação na ciência.
Autora: Michelle Donadeli aluna da Pós-Graduação em Assistência e UTI em Enfermagem Neonatal e Pediátrica
Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Parente
A humanização é entendida como a maneira de ver, considerar e acolher o outro de uma forma global, holística e humana, compreendendo as experiências, sentimentos e peculiaridades do sujeito de maneira empática, valorizando seus medos e receios, respeitando seus valores e crenças (Schimith, Simon, Brêtas e Budó; 2011).
No âmbito da saúde pública, a humanização tem sido uma das prioridades nas políticas de saúde no Brasil. No ano de 2004 o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH) com o objetivo de humanizar a assistência em saúde, priorizando o atendimento com qualidade.
No que tange à humanização do cuidado Neonatal, o Ministério da Saúde também preconiza várias ações voltadas ao respeito, à individualidade e ao acolhimento do recém-nascido e sua família, buscando estimular o vínculo entre pais e bebê durante sua permanência no hospital e após a alta.
Um bom exemplo da implantação do modelo de cuidado humanizado no campo neonatal é o manual de Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido (RN) de
Baixo Peso – Método Canguru, uma adaptação à realidade brasileira do Método Canguru originariamente proposto pelo Dr. Edgar Rey Sanabria no Instituto Materno- Infantil (IMI) de Bogotá, na Colômbia. Esse método promove atenção humanizada ao recém-nascido (RN) de baixo peso e possui um conjunto de ações na assistência que envolve o RN, sua família e os profissionais de saúde (Lamy, 2003).
Diante dessa necessidade crescente de humanizarmos a assistência, encontramos vários desafios em relação a uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Um deles o ambiente, extremamente distinto do ambiente intrauterino, repleto de procedimentos muitas vezes incômodos e dolorosos, barulhos, vários manuseios que acabam por acarretar interrupção dos ciclos de sono, alterações de temperatura, luzes fortes e constantes. Por isso, a preocupação com a ambiência deve ser constante, visto a necessidade de manter-se um ambiente calmo, tranquilo, silencioso, aconchegante e com o mínimo de manuseio possível.
Lembrando que a participação dos pais no processo de recuperação do RN é fundamental, temos também que salientar a importância da humanização e a assistência a esses pais, que se veem de repente em um ambiente percebido como assustador, se deparando com a dificuldade de reconhecer seu bebê em um ambiente que foge daquela imagem de bebê perfeito, alimentada durante a gestação (Reichert e Costa, 2000).
O vínculo estabelecido entre os pais e o bebê durante a gestação é muitas vezes rompido de forma desfavorável no caso de um parto prematuro ou por conta de alguma patologia ou complicação e, ao perceber-se após o parto sem seu bebê idealizado nos braços, os pais são inseridos em um momento de angústia e estresse intenso.
Voltar para casa deixando seu bebê ainda no hospital, muda drasticamente a rotina e o cotidiano dessas famílias. Incluir essa família nos cuidados ao RN, ouvir de forma atenta, acalentar quando necessário, permitir que essa mãe tenha a oportunidade de “maternar” seu filho, são ações primordiais e devem ser exercidas por toda a equipe.
Não podemos esquecer também da humanização no que se refere à equipe de profissionais que trabalha em uma UTI Neonatal, submetida a vários estímulos estressantes, jornadas de trabalho intensas e exaustivas. Faz-se necessário cuidar de quem cuida, para que com isso o profissional possa exercer suas funções da melhor forma possível.
Projetos de educação permanente, treinamentos em serviço e ações de sensibilização voltadas à equipe de profissionais acerca da importância da humanização da assistência também são de extrema valia.
Indo ao encontro à ideia mencionada no manual Norma de Atenção Humanizada ao Récem-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru:
Estamos falando do momento mais nobre da nossa existência, que é o cuidado com a continuidade da nossa espécie, a espécie humana. Nada mais sensível, delicado e importante do que a constituição de um novo ser. Nada mais desafiante do que ajudar a cuidar desse momento, de forma atenta, segura, conhecendo cada particularidade; respeitando a sua integralidade e sabendo prevenir, antecipar e atuar quando necessário. (Ministério da Saúde, 2017, p. 07)
Frente a todo exposto, a humanização da assistência em uma UTI Neonatal implica em pensarmos no desenvolvimento de um projeto terapêutico singular que proporcione uma visão holística e humana, e inclua não apenas o recém-nascido, como a família, buscando com isso minimizar a dor, o estresse, o sofrimento e o desgaste relacionados ao período de internação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Humaniza SUS. Política Nacional de Humanização. Documento para Gestores e Trabalhadores do SUS [Série B: Textos Básicos de Saúde]. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
LAMY, Z. Metodologia Canguru: facilitando o encontro entre o bebê e sua família na UTI Neonatal. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2003.
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Os 10 passos para a atenção hospitalar humanizada à criança e ao adolescente. Rio de Janeiro. Ed. SBP, 2003.
FERRAZ, M. A; CHAVES, R. L. Bebês prematuros: aspectos emocionais. Pediatria Moderna,
REICHERT, A. P. S; COSTA, S. F. G. Experiência de ser mãe de recém-nascido prematuro. João Pessoa: Ed. Ideia, 2000.
SCHIMITH, M. D; SIMON, B. S; BRÊTAS, A. C. P; BUDÓ, M. L. D. Relações entre profissionais de saúde e usuários durante as práticas em saúde. Rio de Janeiro, 2011 (www.scielo.br).
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Atualizado em 23/03/2020
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